quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

igual

Triste época do ano essa
maquinal
invernal verão
agonizantes horas com a família
a celebrar o encontro
de ponto em ponto
tomando cidra
comendo carne
disputando atenção
Vamos pedir 
"que o ano seguinte
seja melhor
com esperança de um recomeço"
mas que não tem motivo
uma vez que se nasce e se morre a cada manhã
e que determinados momentos
nos servem de sepultura
e mesmo quando se ouve ao longe
o canto dos pássaros
se ressente o interior por não ter asas
e é o eco frustrado quem responde
o eco sem liberdade mas cheio de anseios
só que sem meios
contudo
com cores geladas
enfeitando a treva com luzinhas que piscam
pendurando enfeites na dor
pra se fazer de leve
e passar o natal
com a sensação de sobrevivência
Então,
quando desponta a manhã,
ignora-se a não apoteose
de um ébrio sol que nasce com cara de ontem
e que traz dias exteriores tão normais quanto qualquer outro
É assim no ano novo
é assim no aniversário
é assim
de nada especia falamos
posto que não se modifica sequer a quantidade de substâncias que ingerimos
em nome da festa
em nome da comemoração
em nome de nada
e,
se ao menos a casa tem o aspecto diferente,
é pra lembrar que tudo muda
menos a gente
O sol continua nascendo
e nada novo se manifesta sob ele
nós
enredados como fios de dezembro
buscamos brilhar pra não apagar
a chama que um dia nos iluminou
e que agora parece extinguir.

[Dezembro de 2015]

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