segunda-feira, 30 de maio de 2016

em andamento

Tilapiando informações
faço jorrar canções
e expurgar
como quem espreme uma espinha gigante
todo temer que se alojou na coluna
os fora dilma dos pulmões
e os vai trabalhar, vagabundo que entopiam veias.
Que poeta sereno
num país perigoso
onde quem tenta
morre
quem protesta
apanha
quem rouba
faz?

um poeta doente
de poesia doente
que versa sobre a doença

o poeta esperançoso
que fala dos ciclos
do corpo
primeiro
do corpo
timoneiro
do mundo
do corpo
do poeta mundo

se regenera das chagas
que adquiriu

Eu tava la e vi
sair de dentro
o sangue estancado
em anos de repressão
vi sair na agulha
os fantasmas do medo
da insegurança
da liberdade estagnada
e agora é o corpo
um campo
onde a saúde e a doença
convulsionam

É o meu corpo
estranho pra mim
nasci aqui e quero fugir
me rebelo
vejo-o em domínios trevosos
cancerígenos
agentes
(políticos?)
sugam o que foi duramente conquistado
por anos

esse é o lugar onde cresci
e querem tirar de mim
de nós
esse corpo
esse mundo
que
como ninguém
precisa de tratamento

assim,
quem sabe,
eu possa me sentir país
me sentir corpo
me sentir alma
me sentir espírito
me sentir eu
me sentir você...

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